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Será que pode existir um endividamento saudável em sua empresa?

Para que se possa entender a finalidade e a importância do cálculo do índice de endividamento de uma empresa, o primeiro passo é entender o que é o endividamento, como ele funciona e por qual razão ele acontece.

Uma empresa pode contrair dívidas por diversas razões. A pior delas é quando a empresa se endivida para pagar as despesas. Significa que o resultado operacional (receitas – despesas) é negativo, portanto não foi atingido seu break even e que é preciso fazer algo para obter o equilíbrio ou o superávit operacional.

A dívida, quando contraída para cobrir o buraco orçamentário, tende a se tornar uma bola de neve, uma vez que a empresa, caso já possua dívidas de longo prazo, corre o risco de não conseguir também cobrir as despesas financeiras com o pagamento das parcelas.

O grande problema nessa situação não é o aumento da dívida, mas o fato de não haver uma compensação econômica. A empresa está trabalhando para pagar as despesas e não para gerar lucro. Aos poucos, vai comprometendo seu patrimônio.

A dívida boa

A outra forma de endividamento ocorre quando ele é contraído para fazer investimentos. Por exemplo, na compra de bens de capital, que vão incrementar a produtividade sem a necessidade de contratação de mais mão de obra. Acontece, também, quando a empresa investe em tecnologia da informação para agilizar processos, aumentar eficiência, obter ganhos de marketing e, ao mesmo tempo, reduzir custos.

Nesse caso, o que ocorre é uma dívida com contrapartida. A empresa tem que ter feito um cálculo levando em consideração o custo dessa dívida ao longo do tempo, como os pagamentos impactam o dia a dia do fluxo de caixa, qual o volume de aumento de receitas esperado, como elas impactarão o fluxo de caixa frente às parcelas do empréstimo e em quanto tempo será recuperado o investimento. Esse investimento é o valor total da dívida.

A diferença é clara. Quando a dívida é contraída em favor de um investimento, a empresa está pensando em reduzir custos e/ou ampliar suas receitas. Logo, espera-se que o aumento de receitas seja capaz de cobrir, exercício a exercício, o valor das parcelas a serem pagas, ou que cubram pelo menos parte delas, sem que se comprometa o fluxo de caixa, levando em consideração a perenidade das receitas frente à efemeridade das parcelas.

É diferente de contrair dívida para pagar despesas, pois, nesse caso, se está contraindo uma nova despesa, que são as parcelas da dívida, sem haver geração de novas receitas.

Índice de Endividamento Geral (EG)

O EG é utilizado pelas empresas para identificar até que ponto os ativos da empresa estão financiados com capital de terceiros, logo comprometidos com a liquidação da dívida.

Trata-se de um cálculo bastante simples, feito com base no balanço da empresa. Todo balanço é dividido em ativo e passivo, de curto e de longo prazo. O ativo são os direitos e o passivo as obrigações, o curto prazo é o exercício (período de um ano) e o longo os próximos exercícios.

O método consiste em somar todo o passivo da empresa (de curto e longo prazo) e dividir pelo total do ativo (curto e longo prazo). Em seguida, o resultado dessa divisão deve ser multiplicado por 100.

Do ponto de vista gerencial, um alto índice de endividamento nem sempre representa um problema, uma vez que a empresa paga uma remuneração fixa de juros para quem emprestou o dinheiro e pode usar esse capital para gerar uma margem de lucro superior ao valor que ela deve.

É importante destacar, no entanto, que embora essa alternativa possibilite de maiores ganhos para a empresa, ela representa também um risco maior para o negócio. Caso a empresa não consiga manter a lucratividade ou o volume de vendas esperado, os lucros podem não superar os juros dos empréstimos, o que gera um prejuízo para a empresa. Fora isso, uma empresa com um alto nível do endividamento geral pode ter dificuldade em levantar novos financiamentos junto a instituições financeiras.

Composição de endividamento

Outro índice bastante utilizado é a composição do endividamento (CE) que mostra como está a política de captação de recursos de terceiros de uma empresa em um determinado momento.

O CE analisa se o endividamento da empresa ocorre mais no de curto ou longo prazo e, a partir da análise desse índice, os gestores conseguem criar estratégias a fim de evitar que a empresa passe por problemas de liquidez pela falta de dinheiro no curto prazo.

Matematicamente, a CE é a divisão dos passivos de curto prazo pelo total de capital de terceiros, tanto de curto quanto de longo prazo, também multiplicados por 100 para que se encontre o valor percentual.

Uma composição de dívida majoritariamente de curto prazo pode não significar nada demais, muito pelo contrário, pode mostrar que a empresa tem uma ótima situação financeira. Ela pode ter recorrido a um empréstimo de curto prazo, por exemplo, para aproveitar uma grande oportunidade de lançar um novo produto com alto valor agregado, que vai aumentar as vendas e os lucros. Ela tinha dinheiro em caixa, mas sua atividade requer muito capital de giro, logo era necessário captar novos recursos, os quais ela tem plena condição de pagar no período de um ano.

Para avaliar se os índices de endividamento de uma empresa estão em níveis aceitáveis, não basta apenas analisar apenas os dados do presente, é necessário acompanhar a evolução histórica dos valores através do uso de bases mensais, trimestrais e anuais. Quanto maior o tempo de análise, mais apurada será a percepção do gestor e mais assertivas serão as estratégias que ele terá condições de montar para contornar eventuais problemas.

É importante que o gestor seja guarnecido com o máximo de informações possíveis para que ele possa criar estratégias de gestão financeira assertivas e garantir um crescimento sólido e sustentável da sua empresa no longo prazo.

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